O que passa pela cegueira dos nossos dias

 


A arte pública está sempre acessível mas muitas vezes é como se fosse invisível. A urgência dos dias cega-nos e passamos por ela e não vemos o que quer que seja. Ou então estamos distraídos ao telemóvel.
Em Matosinhos, tal como fica demonstrado neste painel vídeo do Mumma, não falta arte pública para apreciar. Não estou a falar nos ferros do Cabrita, bem entendido, com a devida reserva crítica pois nunca se sabe se ficarão como momento iconográfico da zona da Boa Nova, em Leça da Palmeira. Como aconteceu com a 'Anémona' de que quase todos, eu incluído, escarneceram e que agora é o que é.
Hoje vou falar apenas das esculturas da matosinhense Irene Vilar, uma das maiores da sua área e felizmente com muito para nos mostrar na nossa terra. Por exemplo, D. Fernando e D. Leonor, em Leça do Balio.


Ou Florbela Espanca, no coração de Matosinhos.


Este monumento ao pescador, lembro-me bem, suscitou também alguma polémica. Muito abstrato, comentou-se na época. Faltava ali o óbvio. Mas a arte é quase sempre o óbvio ao contrário.


Mas se é o óbvio que querem, Irene Vilar também vos pode afagar o gosto, aqui com a homenagem a Fernando Pinto Oliveira, em Leça da Palmeira, terra natal do antigo presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.
Que bom seria termos um roteiro da arte pública em Matosinhos. Custará certamente muito menos que um suplemento de mais do mesmo no 'Expresso' a propósito de comida de bisnaga. E que bom seria que a história destas esculturas estivesse explicada 'in sito', bem assim como a referência aos seus autores. Tal como os nomes das árvores, para as quais olhamos sem lhes conseguir perceber o nome. E como seria bem melhor um dia que pudéssemos contar contando as árvores que passaram por nós ou as figuras do passado com que nos cruzamos, tiradas da pedra ou do bronze pela imaginação de artistas.