A ilusão das sondagens em Matosinhos

Desde que o PS passou a concorrer aos órgãos locais de Matosinhos com duas candidaturas - algo que corre o risco de tornar-se numa tradição - que as sondagens realizadas têm uma possibilidade de erro maior que a habitual.

Há quatro anos, por exemplo, corria no concelho que a discussão entre os dois candidatos do PS pela vitória seria até ao último voto. Na semana anterior às eleições foi mesmo posto a correr o boato de que Narciso estaria em vantagem. Era mentira, claro.

Em 2009, esta sondagem realizada poucos dias antes da eleições apresentava os seguintes resultados:

Guilherme Pinto: 33,2 a 37,4%
Narciso Miranda: 28,1 a 32,3%

Os resultados finais, no entanto, foram esclarecedores:

Guilherme Pinto: 42,31%
Narciso Miranda: 30,7%

Ou seja, se no caso de Narciso os resultados ficaram dentro do intervalo previsto, os de Guilherme Pinto foram muito superiores, dando uma banhada ao Senhor de Matosinhos.

Serve este exemplo para explicar que, hoje, que estamos a um mês do fecho da campanha, e depois da sondagem revelada pelo Expresso na passada semana, em que vemos mais uma vez os dois candidatos do PS supostamente lado a lado, Matosinhos corre o risco de voltar a transformar umas eleições, que devem basear-se em projectos e programas, numa disputa emocional de um concelho tradicionalmente controlado pelo PS, em que se discutem nome e não o futuro do concelho e das freguesias.

Este panorama interessa aos poderes instalados cá no burgo: supostamente, será preciso votar massivamente numa das caras para impedir que a outra cara ganhe. E assim não se vota em alguém, vota-se contra alguém.

Importa, por isso, desmistificar que em Matosinhos há apenas dois candidatos - não há. Que o voto útil não é contra esta ou aquela cara - o voto útil é nos projectos e na capacidade de trabalho demonstrada, na avaliação de quem esteve ao lado das populações na luta contra as portagens nas SCUT, contra o fecho de serviços públicos. E relembrar que, por exemplo, no caso das SCUT, a luta passou ao lado dos PS de Matosinhos. A explicação não é difícil, a medida foi implementada pelo governo Sócrates.

Transformar estas eleições em mais uma disputa emocional contra esta ou aquela figura é o pior que poderá voltar a acontecer ao concelho. Cabe a nós impedir que isso aconteça.