UM VELHO NOVO CANDIDATO

Como já devem ter percebido, e se não perceberam também não me interessa, este é um espaço democrático e sem qualquer patrocínio ou objectivo obscuro. O autor não está à espera de benesses mas aceita jantares, finos e tremoços. Por isso, e a pedido de algumas famílias, por norma pouco rotinadas na vida plural, cá fica o pontapé de saída do candidato da CDU, Honório Novo, um autarca que me habituei a respeitar e admirar quando acompanhei mais de perto a vida política de Bouças. Ah, engenheiro, pode não acreditar mas já votei em si...

Honório Novo, o candidato da CDU à Câmara de Matosinhos, acusou Guilherme Pinto de ter passado "quatro anos de mão estendida", pedinchando favores e servindo de "passadeira" ao Governo de José Sócrates.
Num discurso crítico, na sessão de apresentação dos candidatos da CDU a Matosinhos, Honório Novo apontou o dedo à atitude "reverente" do presidente da Câmara que, "para assegurar a sua recandidatura" está a "hipotecar o futuro do concelho e as finanças municipais".
"Guilherme Pinto passou quatro anos a servir de passadeira ao Governo do engenheiro Sócrates", atacou o comunista, lembrando os "desfiles", quase semanais, de ministros e secretários de Estado pelo concelho. "Actos de permanente reverência e subserviência" que levaram a Câmara a assumir responsabilidades que são competência da Administração Central.
E deu exemplos: o protocolo de transferência de competências na Educação, que não assegura "as verbas necessárias para construir todas as instalações previstas na Carta Educativa" e para pagar aos "administrativos e auxiliares que o Governo descartou em cima dos ombros municipais".
Outro exemplo: "a obrigação de dar terreno, de projectar, construir e pagar o novo quartel da GNR de Perafita, cujo âmbito de actuação vai ser metropolitano e distrital, e cuja competência é estritamente governamental".
Mais um: "as várias instalações de saúde do concelho, cujo ónus passou a residir inteiramente no orçamento municipal". E para concluir: "Guilherme Pinto passou quatro anos de mão estendida, pedinchando favores que Matosinhos não tem que mendigar de nenhum Governo".
Os empréstimos que a autarquia vai contrair também não escaparam ao desfiar de críticas de quem promete "mudar tudo". O comunista voltou a defender a extinção das empresas municipais e uma auditoria urgente do Tribunal de Contas ou da Inspecção-Geral de Finanças às contas da Matosinhos Habit e da Matosinhos Sport.
Honório Novo aproveitou o "palco" do cine-teatro Constantino Nery - recuperado após a "iniciativa e constantes insistências da CDU" - para prometer mais fogos sociais, recuperação do parque habitacional e do património degradado dos centros urbanos. Mais emprego com "um programa de emergência social que socorra e ajude os mais atingidos pela crise".
Melhor mobilidade, com o metro até Leça da Palmeira e S. Mamede de Infesta, com a linha de Leixões a servir passageiros e com uma rede inter-concelhia de transportes que sirva bem todas as freguesias. Melhor ambiente com "a sempre anunciada, mas sempre adiada, recuperação ambiental das margens do Rio Leça e de todas as ribeiras do concelho". E melhor democracia com um provedor do munícipe independente.
Com o PS dividido pela candidatura independente de Narciso Miranda, a luta pelo poleiro de Matosinhos promete aquecer. E a CDU não quer "naturalmente" perder a oportunidade de quebrar a maioria absoluta dos socialistas.
A CDU anunciou ainda José Pedro Rodrigues como candidato à Assembleia Municipal. O comunista promete lutar pelo "aprofundamento da democracia" , pelo "desenvolvimento económico, progresso e justiça social".

in JN