Uma casa a arder entre galas e outras festividades

 

À distância de 300 quilómetros, assisto de palanque ao que se passa na minha terra.

Onde ontem mais um autocarro da Resende que surge disfarçada de Maré entrou em combustão junto do ícone da cidade de Matosinhos, o famoso camaroeiro gigante da Praça S. Salvador.

Pelo que dá pata ver no foguetório das redes sociais, a atual gestão de Matosinhos tem sido pródiga em eventos e presumo que os croquetes devem continuar a ser servidos em doses generosas.

O que importa é capturar associações, domar a fraca oposição na medida do possível e manter confortáveis mesmo aqueles apaniguados que ainda não tiveram direito a tacho.

A 'coisa' está garantida até 2029 e não há que temer quase nada, embora o Ministério Público e um ou outro jornalista que ainda não se deixou seduzir por vezes borrem esta bela pintura de uma cidade e de um concelho muito à frente de Baltimore.

A propósito de Baltimore, aconselho que vejam a já datada série 'The Wire', na HBO, onde a propósito do tema central do combate ao tráfico de droga também se fala muito do tráfico de influências e das jogadas dos políticos locais. É muito educativo, isto caso tenham tempo para tal para além da intensa vida social que Matosinhos hoje sob o patrocínio da autarquia.
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Voltando à camioneta a arder, nem preciso de dizer muito mais. É apenas mais uma evidente prova do falhanço de uma política de mobilidade anunciada como o supra suma do beberete da idiotice política mas que na prática é o que é - uma miséria. Quem anda por Matosinhos sabe bem como é mas atenção que estou a falar apenas de quem anda em carros sem motoristas.

Como sabem, o prémio do vereador que implantou o plano de mobilidade de Matosinhos, inventor de ciclovias em passeios com postes no meio e faixa de dois palmos para os peões, o mesmo que andou a pintar ruas de Matosinhos, foi ter sido chutado para o tal Ceiia que ninguém sabe bem o que faz e que se mudou de um barracão da antiga Texas Instrument para uma cena muito século XXII.

Matosinhos merecia melhor mas se calhar os matosinhenses que validam tudo isto não merecem mais. Mais a mais, uma casa a arder é sempre um espetáculo, Só é pena que não seja o tal Museu dos Pipos que já nos custou quase dez milhões de euros e onde temos de pagar para entrar. Eu disse temos mas eu não tenho porque não entro.