Matosinhos tem por valorizar o seu mais valioso património histórico. Em Perafita!

 


Esta foto que estão a ver data de 2011 e reporta-se ao local da Mota de Perafita, identificada por essa altura por José Manuel Varela e Conceição Pires, do Gabinete de História e Arqueologia da Câmara Municipal de Matosinhos.

Vamos chamar-lhe Mota de Madoufe, pois assim é que é citada em documento datado do ano de 1038, concretamente referida como 'mamola de Adaulfi', o que desde logo fazia suspeitar, conforme alertou em tempo Mário Barroca, para uma rara estrutura defensiva tipo castelo em território português. A única mota até então conhecida situa-se no concelho de Cabeceiras de Basto.

O que é uma mota? Nem mais que uma fortificação construída em material perecível, neste caso madeira, com um fosso à sua volta e um monte artificial elevado para fixar, no topo, o núcleo defensivo.

As motas são às centenas em território hoje do norte da França e na Inglaterra mas em Portugal são, como já disse, raríssimas. Pelo menos as que sobreviveram.


Esta mota foi mandada erguer por Adaulfi e teria como fim a proteção desse senhor dos então frequentes ataques vikings que chegaram a penetrar, por aqui, até Vermoim, por essa altura.

Curiosamente, o nome antigo acabou por ser perpetuado na toponímia e junto a este sítio ainda se mantém a Rua de Madoufe. Ou seja, a memória do século XI sobreviveu até a comissões de toponímia armadas ao pingarelho.

A equipa de arqueologia da Câmara de Matosinhos ainda não começou a escavar esta mota mas já identificou na envolvente um povoado com 40 silos com uma cronologia com cerca de dois mil anos a.C.

Espera-se agora que Matosinhos saiba acarinhar e estimular o trabalho de quem aqui chegou, reconhecendo também o seu mérito, e que transforme este local no grande sítio arqueológico do concelho de Matosinhos e da freguesia de Perafita, uma freguesia na qual o núcleo de sepulturas escavadas na rocha de Montedouro, talvez contemporâneo desta mota, permanece ao abandono.

Eu sei que as vozes deste burro não chegam a esse céu mas não custa nada tentar.

Feito.