José Domingues de Oliveira, 'o mais sublime leceiro' que foi pioneiro na luta contra o cancro

 


Jorge Bento considerou-o "o mais sublime leceiro".

Talvez muitos não o conhecem mas podem vê-lo ainda hoje no Jardim do Corpo Santo, em Leça da Palmeira, onde outrora existia um posto de vigia e sinalização da barra do rio Leça.

Junto à capela, que hoje é mortuária, onde esteve uma bonita miniatura de embarcação que foi desviada para a paróquia pelo padre, o busto deste ilustre leceiro permanece vivo, contemplando a sua terra.


Jorge Bento contou bem a história de quem viveu neste belo casarão ao n.º 15 da Rua Pinto Araújo (o arruamento que corre à cota baixa entre o acesso à ponte móvel e o restaurante 'Ribeiro' e que tem umas alminhas, em Leça da Palmeira. Uma casa que já foi demolida, entre tantas outras casas históricas de uma cidade alvo da selvajaria imobiliária permitida por diversos poderes autárquicos.

O monumento ao médico Domingues de Oliveira foi erguido à conta de uma subscrição pública. Custou um pouco mais de 21 contos e o busto em bronze foi concebido pelo famoso escultor António Teixeira Lopes, exibindo ainda um pedestal em granito branco poliado de José Marques da Silva (o grande arquiteto do Porto dessa época, que também desenhou o jardim no terreno cedido pela família de Domingues Oliveira). O monumento foi inaugurado em junho de 1929.

José Domingues Oliveira era natural de Matosinhos, onde nasceu no dia 17 de fevereiro de 1875. Viria a falecer em Paris no dia 23 de maio de 1925. Em Paris porque aí passou os últimos anos da sua vida, sendo hoje considerado um dos pioneiros da curietapia, como se sabem os primeiros tratamentos, através da radiologia, do cancro. É de todo provável que tenha conhecido bem Maria Curie.

José Domingues Oliveira foi também deputado e até ao fim da sua vida manteve-se um defensor acérrimo da causa monárquica.

No Porto de Leixões teve o cargo de guarda-mor da Estação de Saúde e Posto Marítimo. No dia do seu funeral os estivadores, por respeito, não trabalharam.

Cá fica a memória, com todos os créditos a Jorge Bento, o historiador que, segundo o padre Alcino, punha os mortos a falar.

JOSÉ MARIA CAMEIRA ESCREVEU:

"Gosto de ver este pequeno texto acerca do meu tio-avô José Domingues de Oliveira. Só uma pequena rectificação: ele foi mesmo amigo do casal Curie pois chegou a viver exilado em Paris durante parte da I República, e lá morreu, tendo convivido com esse casal."