A praia da Meia Laranja, em Leça da Palmeira

 


As minhas memórias da praia de Leça da Palmeira não cabem aqui.

Lembro-me daqueles verões de barraca armada, mais para o fundo desta imagem, no areal grande, entre o castelinho que é mirante e esteve à entrada da foz do Leça até os molhes de Leixões entrarem no mar. A mãe Ilídia levava o tacho de casa num tempo em que aparecia o fotógrafo do cavalinho para o registo da ordem. Os mergulhos na piscininha, no alinhamento do castelinho, eram um bónus que a praia oferecia aos mais pequenos tementes do chamado Poço do Diabo.

Mais tarde, conheci melhor este pequeno areal da Meia Laranja, no início ou no final da praia de Leça, encostado à piscina das marés que saiu do estirador de um jovem Álvaro Siza, onde íamos ao domingo de manhã, já na companhia do meu pai, para mergulhos a sério na água que se anunciava como aquecida mas que de quente tinha pouco.


Com o tempo, a praia da Meia Laranja, que aqui veem num dia de pleno verão, tendo em primeiro plano um pequeno grande matosinhense cuja obra fotográfica talvez um dia se possa recuperar e tornar pública (não todas as fotos, obviamente!), passou a minha preferida. Foi ali que mergulhei no mar com o António Mendes no dia em que ele soube que ia ser pela primeira vez pai.

Nesta praia paravam também as miúdas mais giras de Leça, o que, parecendo que não, era sempre mais uma razão para ir até lá aproveitar as ondas amparadas pelos rochedos em frente à piscina das marés, ondas mais longas e sem a violência do mar aberto lá mais adiante.

Dá para ter saudades destes verões e também desses tempos luminosos, quando a vida parecia infinita e ainda apenas se suspeitava da sua perenidade.

Acho que é desta que vou encontrar finalmente o Poço do Diabo.