O caso Galp: uma trapalhada altamente tóxica

 


Assisti de palanque ao encerramento da produção da Refinaria de Leça da Palmeira. Ao longo de 17 anos a residir no Cabo do Mundo, assisti a pelo menos dois acidentes que causaram o alvoroço sobretudo em quem mora ali ao lado.

Em 17 anos de vivência neste local, nunca a Galp/Petrogal me contactou para me colocar a par de qualquer plano de emergência. E quem ali reside há mais tempo também não.

O histórico da refinaria é um histórico de desprezo pelos matosinhenses. Começando pelas centenas de proprietários expropriados. Cujos ascendentes irão assistir à alta rentabilização de terrenos comprados à força por meia dúzia de tostões.

Mas a história da refinaria não acabou. Há mais folhetins para seguir. Aguardamos agora pelo masterplan que vai definir o espaço que foi ocupado pela refinaria e seus derivados.

Já todos sabemos que há um 'negócio' entre a Câmara de Matosinhos e a Galp. A autarquia vai ficar com uma boa parcela de terreno para, diz-se, aí nascer um parque tecnológico e universitário.

A narrativa engana tolos mas às vezes a realidade é um muro de granito. Acabamos de saber que os terrenos da tal Cidade da Inovação - que raio de nome! - estão altamente contaminados, bem assim como as suas águas subterrâneas (ainda bem que nunca utilizei os meus dois poços!).

O que é, no mínimo, curioso é que a notícia da Lusa refere que esses terrenos confrontam com a Rua António da Silva Cruz (que arranca da piscina de Perafita e vai quase até à fábrica de conservas La Gondola). É curioso, digo, porque esses terrenos nunca estiveram ocupados por qualquer equipamento da refinaria. Ou será que para lá foi enviado algum subproduto?

Esta história, como já se disse, é uma autêntica novela mexicana onde tudo soa a falso. Mas vão ver que tudo será ultrapassado e a Galp vai poder mandar para a sucata a tralha que ainda lá tem para por ali lançar versões mais modernas do Paço da Boa Nova enquanto a Câmara de Matosinhos fará, com a bênção da APA, o habitual foguetório pífio que mais uma vez irá convencer os fanáticos e os néscios.

O protagonista do costume, que outrora foi o Estado (agora apenas conivente), irá de novo vencer Matosinhos.