Museu da Tapeçaria de Portalegre é um museu extraordinário que mostra o melhor de Portugal

 


O Museu da Tapeçaria de Portalegre - Guy Fino, que leva o nome do fundador da Manufatura de Tapeçaria de Portalegre, em meados do século XX, é um museu extraordinário.

Fomos lá a meio de uma semana de inverno e foi com alegria que verificámos a presença de mais uma dezena de pessoas que acompanharam uma visita guiada muito rica e pormenorizada.


Guy Fino, Manuel do Carmo Peixeiro e Manuel Celestino Peixeira criaram uma nova técnica da arte de tapeçaria com suporte em algodão e lã, uma arte com uma definição tal que quando, sem qualquer dado prévio, olhamos para uma tapeçaria de Portalegre parece que estamos a olhar para um quadro. Quando, afinal, estas tapeçarias 'apenas' reproduzem quadros de artistas, com a devida autorização e acompanhamento dos mesmos. 


Jean Luçart, o homem que esteve na origem do renascimento da arte da tapeçaria em França, também contribuiu para o triunfo da arte da tapeçaria portalegrense. O arquiteto francês recusou várias vezes vir a Portalegre ver o que aqui se fazia. Quando veio, foi confrontado com duas tapeçarias. Uma era a sua. A outra era uma reprodução feita pelas artesãs alentejanas, num ponto de arraiolos no qual a lã corre na vertical suportado no fio de algodão, ao contrário da técnica normal.

Numa prova cega, escolheu a da direita, precisamente a que seguiu a técnica portalegrense.

O museu está aberto desde 2001 e, como já dissemos, é uma verdadeira pérola do nosso parque museológico, tanto mais que se encontra instalado na belíssima casa nobre Castel-Branco.


Júlio Pomar, Vieira da Silva, Almada Negreiros, Maria Keil e Siza Vieira são apenas alguns dos artistas com obras reproduzidas em tapeçaria de diversas dimensões, por norma em escala superior. São obras que podem valer mais de 20 mil euros e que nunca têm, hoje, mais de quatro reproduções. Feitas por um conjunto de artesãs que mantém a técnica e a arte mas que atualmente lutam com falta de encomendas. Por incrível que pareça, estas obras incríveis parece que não têm grande mercado! O que não surpreende num país que não aposta na suas artes tradicionais e neste caso única no mundo. Pois ninguém faz tapetes assim a não ser em Portalegre.