Uma tragédia que importa sempre recordar em memória dos bravos homens do mar

 



No passado dia 2 completaram-se 74 anos desde a grande tragédia que atingiu a comunidade piscatória de Matosinhos, no apogeu da pesca da sardinha, quando as traineiras voltavam a Leixões com água pela borda.
A memória dessa tragédia que vitimou 152 pescadores permanece viva sobretudo nas gerações mais velhas e todos os anos acontece esta singela homenagem da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos. Pescadores de Matosinhos que estiveram sempre um passo à frente na sua defesa, criando a Casa dos Pescadores, onde tantos matosinhenses nasceram e onde muitos deles agora passam os últimos dias num lar que é um exemplo.

No dia 2 de dezembro de 1947, devido a um grande temporal no mar, ocorreu aquela que foi considerada a maior tragédia marítima na costa portuguesa na altura. Naufragaram ao largo de Matosinhos, 4 traineiras, causando a morte a 152 pescadores. Alguns cadáveres deram à costa e sobreviveram apenas 6 homens. A tragédia afetou centenas de lares de humildes pescadores deixando 71 viúvas e 152 órfãos. Estas esculturas em tamanho simbolizam nos gestos das figuras de mulheres e crianças, a dor, a aflição e os gritos de desespero. O artista José João de Brito evoca este acontecimento baseando-se numa obra do pintor neorrealista matosinhense Augusto Gomes.

Aquela noite de temporal, onde apenas quem se pôs ao largo e à capa escapou, ou então conseguiu vencer a entrada da barra de Leixões, pertence à História de Matosinhos. O século XXI pelo menos mantém essa memória viva, uma memória trágica mas também a memória de um tempo em que a comunidade piscatória de Matosinhos era a maior do país - uma realidade que, como todos sabemos, desapareceu há muito tempo.