Hoje era o teu 68.º aniversário, Vítor. Provavelmente estarias a iniciar mais uma época com o objetivo quase certo de concretizar a subida mais uma equipa de divisão, o que iria motivar mais um encontro/entrevista no sítio do costume, a Adega Leixões, ali na rua de França Júnior, perto da nossa Brito e Cunha, onde nasceste ao lado da casa do meu avô Delfim.
Mas já cá não estás, nem a Adega Leixões.
Não posso dizer que tenha sido um dos amigos do teu círculo mais apertado mas sempre tive de ti muito carinho, provavelmente por sermos conterrâneos e por teres conhecido bem o meu avô e o meu pai e provavelmente porque também me consideravas um jornalista digno da tua consideração.
O tempo é voraz e num instante perdemos os nossos amigos e as nossas referências. O Vítor caiu há um ano quando gozava uma pausa e estava quase a voltar ao ativo pois não era capaz de estar fora do futebol. Uma das suas grandes paixões. Tal como Matosinhos, a terra que amava mas da qual também era crítico. Como se deve ser sempre, fugindo do rebanho que anda por aí a ver se cresce a erva.
É costume dizer que alguém 'faz falta' mas a verdade é outra. A trepidação dos dias e a sucessão dos acontecimentos rapidamente tudo submerge. Mas eu não te esqueci e aqui estou a dar-te um abraço e pronto para te fazer sorrir enquanto peço sushi e tu optas por ossinhos, antes de mais uma entrevista para o 'Record' a propósito da tua 545.ª subida de divisão, na Adega Leixões, claro, pois esta também enquanto cá andar estará sempre comigo.