Matosinhos afinal não dá só tiros para o ar

 


Ainda não está feito mas é como se estivesse: Luísa Salgueiro vai ser a presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, por indicação, diz-se, de António Costa.
Podem dizer o que quiserem sobre o papel e a influência da ANMP mas esta não deixa de representar as mais de 300 autarquias portugueses e todos queremos acreditar que está nos municípios o poder de proximidade que mais nos impacta embora no Terreiro do Paço haja sempre alguém vindo de Alguidares de Baixo que num dia se deixou conquistar pelo Papa Açorda ou pela Trindade e que já pensa que Lisboa é Portugal, o resto paisagem, o Alentejo uma coutada de caça e o Algarve uma praia - as ilhas e o seus indígenas, esses, não se podem queixar pois vivem há anos subsidiados pelo poder central e quanto mais choram, mais mamam.
Para Matosinhos, esta nomeação e a eleição que aí vem terá naturalmente impacto porque o poder de influência da sua presidente da Câmara entra na fase levedura de pastelaria. É, sem dúvida, uma grande medalha que vai para o peito de Luísa Salgueiro, que tem uma grande oportunidade para afirmar Matosinhos no contexto nacional, contrariando a corrente que tem levado para Vila Nova de Gaia - muito graças à presidência de Eduardo Vítor Rodrigues no Conselho Metropolitano do Porto, agora renovada - os grandes investimentos na AMP enquanto Rui Moreira e os queques da Foz vão reservando lugares de estacionamento público e continuam nas boas graças do poder central, não vá alguém lembrar-se de armar de novo o forte de S. João Baptista.
Durante quase 30 anos, Matosinhos teve um presidente da Câmara que não raras vezes se armou em cacique local mas a quem ninguém tira o mérito de ter 'espremido' ao máximo o poder central, embora não tenha conseguido uma cobertura para a Brito Capelo nem um túnel rodoviário sob o Porto de Leixões - em nome da verdade diga-se que pelo menos não teve a tentação de entregar a Tomás Taveira o plano de Matosinhos Sul (Foz Norte para os amigos do Moreira).
Luísa Salgueiro só não cumprirá 12 anos de mandato como presidente da Câmara Municipal de Matosinhos se não quiser, posição que, ao contrário do que aconteceu com Guilherme Pinto, não lhe saiu na Farinha Amparo ou no Skip. Falta apenas saber se o PS vai manter a força nacional que tem e que neste caso lhe serviu de boleia até à presidência dos municípios portugueses. Um tiro na mouche, até ordem em contrário, e não de pólvora seca, como vão começar já alguns a afirmar mas quanto a esses já sabemos o que a casa gasta em ressabiamento.