Depois do Titan quem mais vai falar da extensão do molhe norte de Leixões?

 


A festa está feita e até teve direito a jazz. O velho Titan do Molhe Sul de Leixões foi resgatado e quero ver agora quem é que vai arriscar falar da extensão que vem aí do Molhe Norte, em nome da competitividade de um Porto de Leixões que deu já a Matosinhos muito mais do que Matosinhos lhe pode devolver. A construção deste porto artificial, iniciada no final do século XIX, transformou por completo quer Matosinhos, quer Leça da Palmeira, mas para além da revolução na paisagem e nas rotinas trouxe para cá milhares de pessoas, um pouco de todo o país, que por aqui se fixaram. Matosinhos cresceu exponencialmente com esta 'migração' e conheceu sucessivos impulsos graças à própria atividade portuária. Como disse atrás, o benefício foi em regra superior ao prejuízo.
Mas...mas há sempre lodo no cais. Como sabemos, a APDL sempre foi um Estado dentro do Estado, Põe e dispõe. Experimentem viver perto do cais onde se guarda a estilha e vejam o que acontece aos vossos carros (e já nem vou falar dos pulmões)! Não se pode ter sol na eira e chuva no nabal, certo?
A decisão de recuperar o Titan foi da administração da APDL - como se sabe geralmente definida pelo partido no poder em S. Bento - e foi uma jogada cara (dois milhões de euros, só para quem pode!) mas perfeita, O lance de relações públicas vai silenciar o clamor levantado por meia dúzia de surfistas e um punhado de ecologistas feitos à pressa, para além dos patetas que de quando em vez surgem aí a reclamar bandeiras azuis para uma praia na boca de um porto comercial e de pesca. Vivemos num tempo em que todos se julgam no direito de reclamar e, pior, de opinar. Um tempo de especialistas em tudo na base do nada ou do pouco que conhecem.
Jogou bem a APDL com toda esta cena que cativou os matosinhenses e que foi uma espécie de limpa fundos do bruá facebookiano. Pode começar a obra de extensão do Molhe Norte! Eu sei que é chato para a malta do terceiro andar dos prédios da primeira linha mas todos sabemos também que quem vive aí não leva com a estilha e pensa que está a viver apenas na Foz Norte.
Convençam-se: sem o Porto de Leixões, Matosinhos não seria hoje o que é nem teria todo um potencial para afirmar-se no contexto da área metropolitana do Porto e no Norte do país. Esta terra de pescadores e de marítimos acabou por ter aquilo que sempre mereceu.