Que se lixe o serviço público


Nos últimos dias, os matosinhenses têm desfrutado de férias pagas em Nápoles sem sair de casa. O pivete que se sente resulta apenas do acumular de lixo nos contentores. Tudo porque, segundo a autarquia, uma empresa privada está a passar a pasta a outra que ganhou um concurso internacional para a recolha de lixo no concelho (um contrato celebrado a poucos meses do final de um mandato). Já todos sabemos que o lixo é um grande negócio e por isso é que a Camorra não abre mão dele no Sul de Itália. O que não sabíamos é que o lixo se recolhe com comunicados e palavrinhas mansas. O povo é sereno, julgarão alguns. Longe vão os tempos em que uma autarquia nos assegurava os serviços básicos; luz, água, saneamento, recolha de lixos... Mas tudo isto dava prejuízo e os privados tomaram, pro bono, conta dos assuntos - estranhamente, até se digladiam pelas concessões. Curiosamente, a CMM tem hoje o triplo dos funcionários que tinham quando assegurava todos estes serviços, o que se entende pois a burocracia é uma hidra difícil de dominar.