Narciso, o pai que todos foram esquecendo


Impedido de se recandidatar em 2005, depois de 26 anos como presidente da câmara municipal de Matosinhos, mais três como vereador, Narciso Miranda demorou pouco tempo a perceber que até o pai de uma grande família pode ser esquecido por todos ou quase todos. Talvez por isso, 4 anos depois candidatou-se como independente e perdeu para uma das suas criações (Guilherme Pinto), embora tenha conseguido 27 mil votos em urna. Passaram-se mais 4 anos e manteve uma posição discreta, até no apoio que manifestou ao candidato do PS nas últimas autárquicas. Agora, ei-lo que ressurge, no melhor do seu estilo, sendo ele a recolher assinaturas para a sua candidatura, como aconteceu esta manhã na esplanada da "Ferreira", em frente ao edifício da câmara que ele mesmo ousou mandar construir sem se importar muito com polémicas estéreis. Narciso Miranda, como sabe bem quem trabalhou com ele, era um "ditador" que "esmagava" quem lhe fazia sombra mas foi também um autarca que nunca se conformou - o que fez por Matosinhos foi feito com essa determinação, gostemos ou não. A verdade é que enquanto Narciso foi poder teve muito amigos e muitas portas abertas. Hoje, estranhamente, na minha modesta perspetiva, não lhe dão muita importância como candidato - aliás, até se duvida que concretize a sua candidatura. Eu não duvido nem um bocadinho. Nunca pertenci às suas equipas e até tive de deixar de escrever no "Matosinhos Hoje" porque o então presidente da câmara não gostava do que lia (e até me processou). Ao contrário do que dizem os novos turcos, Narciso Miranda não morreu politicamente. Ainda vale muitos votos e, sobretudo, continua a ser o mais popular dos matosinhenses. Com 26 anos de comando autárquico, ninguém lhe pode tirar legitimidade para se candidatar de novo. Como quem por aqui anda sabe, serei sempre o último a subestimar o seu potencial. Narciso conta e é bom que os outros candidatos contem com ele.