A propósito do LEV, levem com esta reflexão


O LEV, festival de Literatura em Viagem, começou esta 6.ª feira com uma conferência de Carlos Fiolhais sobre Einstein, na "sala do planetário" da nossa câmara municipal. Não vou dizer muito sobre o que foi dito, apenas que foi um raro momento em que vimos um conferencista não se pôr em bicos de pés para nos oferecer a sua sabedoria e contar uma história. Nesta caso a história de um génio que percebeu que o tempo e o espaço são relativos e que vivemos num Universo que nos ultrapassa sempre.
Esta iniciativa da CMM, que tem a chancela do vereador Fernando Rocha, não se destina ao grande público. Aliás, ainda estou para saber o que é o grande público, embora esteja quase tentado a falar de Fátima. no festival da canção ou no Benfica. O LEV representa apenas um momento que concentra alguns escritores que aproveitaram as suas viagens pelo mundo para nos contar um pouco mais de nós e do mundo. Pode parecer pouco mas para mim é suficiente.
Não sei quando custam estas "coisas" que muitos trocariam por três festivais de folclore e duas matanças de porco, o que sei é que tudo vale a pena quando nos são proporcionados intervalos como o que aconteceu na noite de 6.ª feira, num espaço desenhado por um arquiteto, Alcino Soutinho, que parecia destinado precisamente a este tipo de intervenções. Soutinho não pensou em Fiolhais nem Fiolhais se lembrou de Soutinho mas foi o que me ocorreu de imediato. Porque, afinal, tudo está ligado. Até a estupidez tem algo a ver com a clarividência e uma sem a outra não viveriam.