O melhor de Matosinhos: Joel Cleto

                                                        Aí no início dos anos 90, quando colaborava no saudoso "Matosinhos Hoje", conheci o Joel Cleto. Quase de certeza nos cruzamos, aí pelos anos 80, na velha Faculdade de Letras do Porto, no então curso de variante de Arqueologia, mas desses tempos apenas guardei memórias da sua mulher, a Susana, que foi minha colega de turma. Logo no primeiro contacto percebi que Matosinhos estava a ganhar com o entusiasmo do Joel num departamento que até aí nunca tinha sido alvo de grandes investimentos depois do "furacão" Joaquim Neves dos Santos. Está visto que o grande investimento é sempre nas pessoas e não nas estruturas e o que o Joel fez pela História de Matosinhos nos últimos anos é porventura a grande "obra" do chamado "poder autárquico democrático", isto se intuirmos que o "poder autárquico fascista" também fez qualquer coisinha por esta terra e que se saiba nunca deixou ao abandono a Casa de Chá da Boa Nova, tendo um dos presidentes dessa época, Pinto Oliveira, a coragem de afrontar o regime aquando da construção da refinaria da Petrogal (é conhecida a empatia dos últimos autarcas pela mesma). Nestes anos todos, para além do trabalho que desenvolveu, sempre com muitas limitações, contando com poucos meios, o Joel contribuiu para a edição de uma série de livros muito importantes para a História de Matosinhos, dinamizou o departamente e se mais não fez, com a ajuda preciosa do José Manuel Varela, em termos de arqueologia de campo foi porque não o deixaram. E quem passou pela Casa de Santiago e conheceu o mordomo Batista conheceu também outra faceta do "nosso arqueólogo". Temo hoje que o Joel, que se tornou também uma figura da televisão graças a um trabalho original à frente de "Os Caminhos da História, possa vir a ter cada vez menos espaço em Matosinhos e até possa vir a ser "seduzido" por outras câmaras. Também seria para ele redutor confinar os seus estados aqui à terra pois não somos o centro do Mundo. O que eu gostava de ver era o próximo presidente da Câmara chamá-lo, dar-lhe recursos e meios e investir a sério na História e na Arqueologia matosinhense. Não estou a dizer com isto que o atual vereador da cultura, Fernando Rocha, foi de alguma forma pouco eficaz neste campo, pelo contrário. Apenas quero aqui deixar a minha apreensão. O Joel é nosso, o Joel gosta de Matosinhos, o Joel tem trabalho feito e não merece estar ao sabor dos ventos políticos. Está acima disso. Creio que o próximo presidente da câmara terá esta consciência, sabendo acarinhar e estimular o homem que nos últimos 25 anos mais fez pela História do antigo concelho de Bouças. O Cleto é património de Matosinhos (espero que não leves a mal).