VIAGEM NA MINHA TERRA

Na passada sexta-feira tive o privilégio de passar a tarde e um bocado da noite com o meu amigo-irmão Jorge Punk. Começámos na "Margarida" e fomos a seguir beber um scotch à casa-de-chá da Boa Nova, ainda na companhia do Jorge Reis. Até aqui nada de estranho, tirando o facto de o Punk nunca ter entrado no bar-restaurante que é monumento nacional e cuja classificação terá de ser revista depois de registada a sua presença no local. Como o "Cabazinho" tem sempre agenda, seguimos apenas os dois rumo a Angeiras, para um PO à maneira e duas canecas. E foi aí que demos de caras com o senhor José António, que vive num barraquito ali junto à praia. O antigo construtor naval abancou ao nosso lado e a conversa fluiu, até que lhe perguntei:
- Diga lá, o que é que faz hoje na vida?
A resposta:
- Bebo vinho.
Este nirvana não é para qualquer um. Também eu gostava de poder dizer que a minha profissão é beber vinho, apanhar sol e dar duas de letras num cenário magnífico.
Seguimos para o chamado Bar da Olga, junto à biblioteca de Matosinhos, para um encontro com dois amigos. A meio do mesmo apareceu, de Super Bock na mão, o Guilherme. Este não bebe vinho - bebe cerveja. Ainda lhe sinto o bafo.
Siga a marinha rumo ao Tubarão, ali junto à lota, provavelmente o melhor tasco do mundo onde se podem comer sardinhas e lulas assadas. Foram-se as travessas, o Punk ainda ficou com uma lagrimazita no olho, chegou a Eugénia ainda a tempo de comer as suas sardinhas mas já sem hipóteses de provar o verde "Miguel Ângelo", e é por aí que entra no restaurante um famoso médico de Matosinhos amante de sado-masoquismo. Dando sinais de ter sido baleado, sentou-se na mesa ao lado a ler um livro em inglês de poesia. Foi aí que se fez um click. Com a excepção das duas primeiras etapas, nas restantes três sempre que nos sentamos fomos surpreendidos pela aparição de um amante de Baco.

Matosinhos é, de facto, diferente. Um mundo à parte.