DOIS LIVROS E UM JORNAL



Tive a oportunidade de assistir, muito recentemente, à apresentação de dois livros escritos por outros tantos jornalistas de “A Bola”, um jornal de referência.

O primeiro é da autoria de Germano Almeida, tem o título “Histórias da Casa Branca” e recomendo-o vivamente a quem quiser conhecer e aprofundar os seus conhecimentos sobre o fenómeno Barack Obama.

O autor é um jovem de trinta e dois anos a quem se augura longo êxito profissional e o seu livro, feito a partir de artigos publicados em “A Bola” e no blogue “Casa Branca”, é elogiado por personalidades insuspeitas como o General Loureiro dos Santos e o professor universitário Carlos Santos.

Ao início desta semana, foi Vítor Serpa que deu a conhecer “Tanta Gente em Mim”, um romance “da alma portuguesa, inquieta e insegura, nos trinta anos que se seguiram ao 25 de Abril”.

Perto dos sessenta anos de idade, o autor é director de “A Bola” desde 1992 e estreia-se no romance depois de ter publicado um livro de contos. Já espreitei a obra agora apresentada e percebi que vale a pena.

Estas duas apresentações mereceram-me outras tantas reflexões.

A primeira tem a ver com o tempo de crise e a produção cultural, neste caso a livreira. A “Prime Books” e a “D. Quixote” merecem elogios pela coragem de publicarem títulos em tempo complicado e, no entender de alguns, pouco recomendável para iniciativas deste tipo.

Com curriculum reduzido como escritores, Vítor Serpa e Germano Almeida têm nome conseguido na praça jornalística e, certamente, ajudarão a aguentar o embate com as prioridades financeiras dos portugueses.

A segunda reflexão tem a ver com os facto de os livros terem sido escritos por dois jornalistas oriundos da área do desporto, que alguns, ousada e despropositadamente, consideram menos capaz, ambos de “A Bola”.

Na apresentação de “Tanta Gente em Mim”, Rui Moreira, um portuense lúcido, interessado e atento, lembrou a qualidade de “A Bola”.

Permito-me ir mais longe, acrescentando que o jornal, mesmo antes de ser diário, ensinou muita gente a ler ou a gostar de ler. Recordo-me, por pesquisas já efectuadas neste periódico, de jornalistas como Vítor Santos, Carlos Pinhão, Aurélio Márcio, Álvaro Braga Júnior, Homero Serpa, Carlos Miranda, entre outros, que contribuíram para que muitos portugueses a partir de “A Bola”, adoptassem o prazer de lerem. É para mim irrelevante se o jornal é verde, azul ou vermelho. É relevante, porém, que continua a noticiar mas também a formar quem o lê.

ELVIRA CASTANHEIRA