TEMOS CANDIDATO (modéstia à parte)



Os matosinhenses conhecem-no através do blogue que mantém na Internet, desde Dezembro de 2007, com o seu próprio nome (http://joseantoniomodesto.blogspot.com/). Criou o espaço para “quebrar a ausência de informação sobre uma área importante”… Qual? Ora o subtítulo do Blogue dissipa qualquer dúvida: “Shipping is my life!”.
Os matosinhenses também o conhecem pela presença assídua e participativa em reuniões partidárias, Assembleias de Freguesia e Assembleias Municipais, conse-lhos consultivos e espaços de discussão pública. Foi, exactamente, num desses espaços que, recentemente, pediu aos políticos da nossa praça para “respeitarem os horários” em jeito de “respeitem o povo que vos elegeu”. O pedido simples do munícipe José Modesto gerou comentários atrás de comentários… “Talvez quem me comentou desejasse há muito fazer o mesmo… Não sei… Acho que o fiz porque o povo merece, de facto, respeito…”.
Os matosinhenses conhecem-no, ainda, através das páginas do “Jornal de Matosinhos”. A coluna semanal de José Modesto versa sobre tudo: relações humanas, ideias profissionais, críticas e denúncias, sugestões e propostas que visam melhorar o estado actual das coisas.
Os matosinhenses conhecem-no, sem que José Modesto se tenha revelado por querer, segundo nos disse, ser conhecido. Conhecem-no como um cidadão activo que gosta de comentar e reflectir sobre o mundo, sendo que esse começa no seu Concelho, Matosinhos, e na sua Freguesia, em Leça da Palmeira.

Como despertou para
o mundo dos blogues?

“Comecei por escrever em ou-tros blogues… Senti necessidade de me pronunciar sobre o estado das coisas e comentei sempre com o meu nome real. Não sou apologista dos anónimos… Depois decidi criar um blogue sobre a minha área de actividade para fazer face a uma lacuna de informação que existia. Ao longo da minha experiência profissional na área do shipping, fui-me deparando com a grande resistência de alguns colegas e superiores em passarem competências… Decidi contribuir com o que sei para que os mais novos que chegam a esta área não se deparem com os mesmos problemas e a mesma resistência. Encaro este blogue como uma ferramenta de trabalho”, explicou, lembrando ainda as suas participações em blogues como “Clube de Pensa-dores” ou “O Porto de Leixões”.
José Modesto trabalha, actualmente, na Ibero-Linhas… E toda a sua família esteve ligada ao mar e ao mundo dos contentores e dos navios de carga. Os pais e os avós foram mesmo alguns dos obreiros do Porto de Leixões. Já o filho de José Modesto preferiu os computadores… “Agora a oferta e os apelativos são outros. Compreendo e apoio”, adianta, de imediato.
Esclarecido sobre o porquê da escolha deste tema para a criação de um blogue, o JM não poderia deixar de perguntar ao nosso colaborador: Tantas colunas escritas sobre outros temas e comentários feitos em ou-tros blogues sobre outros temas… Para quando um blogue de política por exemplo?
“Tenho receio de deixar de investir no projecto de blogue
actual… Mas a pergunta é pertinente e não é a primeira vez que ma fazem… Quem sabe um dia”, deixou em aberto.
O http://joseantoniomodesto. blogspot.com/ teve 52 mil visitas em dois anos e é um dos blogues mais lidos por profissionais ligados ao sector dos contentores, cargas e descargas, navios… Para quê, de facto, mudar uma fórmula vencedora? Ficou, de qualquer forma, o repto…
Da blogosfera à política num pulo, questionamos o nosso colaborado sobre as suas preferências políticas. José Modesto não alimenta tabus sobre as suas ideologias partidárias é, aliás, “frontal e directo”, o que não o impede de ser “objectivo” na hora de criticar o próprio Partido.
Fez-se militante do PSD há alguns anos, quando despertou para o mundo da participação activa, pública e partidária… Começou, então, a participar em fóruns e reuniões. Esteve presente em vários momentos das recentes campanhas eleitorais. Deu opiniões, ajudou, criticou… É com voz firme que
adianta: “Não sou candidato a nada, mas gosto de ser ouvido e de ajudar…”.
O PSD de Matosinhos…

Como vê o PSD de Matosinhos, actualmente? E os resultados das últimas eleições surpreenderam-no?
“O PSD de Matosinhos está fra-gilizado. São sempre as mesmas caras e os mesmos discursos. Quando sai um antigo, entra outro chegado a esse… Há tempo para tudo e para todos… Posso dizer, com frontalidade, que não estou de acordo com o acordo feito entre o PS e o vereador do PSD. Sou social-democrata, mas sei criticar… Defendia que a posição do PSD na Câmara fosse de oposição construtiva e credível. Mas devo tirar o chapéu ao PS que soube adaptar-se à conjuntura actual e encontrou em José Guilherme Aguiar um aliado. No fim da campanha não existiam condições para o Guilherme e o Narciso trabalharem juntos. Esta foi a decisão possível… Talvez a mais ló-gica… Mas também a que menos serve o meu Partido, porque ter lá alguém assim não é o mesmo que ter lá alguém sem constrangimentos estra-tégicos pré-combinados”, disse.
A propósito deste e de outros temas que marcam ou marcaram a vida política concelhia, ou seja, a propósito dos acordos, guerras partidárias interna e externas, estratégias e constrangimentos, José Modesto lamentou a “descredibilização da política”.
“É desmotivante para os jovens este tipo de situações. Confiamos o voto a pessoas que devem ser-nos fiéis e respeitarem-nos…”. E eis que surge o episódio da “moção” feita por José Modesto, enquanto elemento da assistência, na primeira Assembleias Municipal deste mandato… “Pedi-lhes que fossem pontuais e até tive vontade de falar do relógio de ponto de antigamente… A ausência ou a falta de disciplina é desmotivante para quem está a começar a gostar de política. É mau para os jovens… É mau para o povo que confiou votos a pessoas que fazem o trabalho de casa em cima do joelho… Os debates são muito fracos. Discute-se o acessório e o essencial fica muito resumido”, lamentou.
E não é só na política que José Modesto encontra situações que receia que venham a desmotivar os jovens… No seu quotidiano e enquanto anda na rua… “Há tanta coisa que está mal e deve ser denunciada”.

As raízes de Matosinhos
e o Turismo

Vindo de uma família ligada ao Porto de Leixões e residente numa Freguesia onde as ondas e as rochas têm um rendilhado diferente, constituindo, já o disse António Nobre, um “mar único”, José Modesto é defensor da preservação das raízes de Matosinhos e dos investimentos no sector turístico.
A construção do Terminal de Cruzeiros assume o topo das prioridades… “Será uma mais-valia muito importante. Se Portugal não aproveita a costa que tem, quem pode aproveitar? Se Matosinhos não lança investimentos no turismo balnear e de cruzeiros, quem há-de lançar? Além do Terminal de Cruzeiros, a reactivação da Linha de Leixões e a cons-trução da Ponte Móvel foram muito importantes… Mas ainda falta fazer muito… O problema da economia nacional está, sobretudo, na falta de apoio às PME’s – Pequenas e Médias Empresas…”.
Questionado sobre que outros projectos gostaria de ver no terreno, José Modesto salta do mar e do porto para o centro da sua Freguesia… “Falta movimento jovem na zona histórica… A política autárquica devia incluir apoios e incentivos a jovens que desejem fixar-se no centro da cidade, repovoando-o e dando-lhe vida. A zona antiga de Leça está degradada e precisa de uma intervenção urgente. O roteiro turístico não passa só pelo roteiro gastronómico. Isso movimenta jovens mas não chega. O comércio e o urbanismo também têm de ser alvo de reflexão…”.
E já que estamos a falar de Leça da Palmeira… E a Petrogal? “É parte integrante de Leça da Palmeira e até faz parte da nossa identidade. Defendo condições de segurança e medidas ambientais, mas a saída de cá não seria corrigir um erro mas piorar a situação dos leceiros”.
O nosso colaborador, aproveitou, ainda para reivindicar mais espaço para as crianças brincarem, zonas verdes melhoradas e equipamentos de praia fora dos areais: “Tudo em prol de uma Leça da Palmeira mais bonita e apetecível!”.
Defensor da limitação de mandatos e da importância do jorna-lismo local, ainda que de forma recatada e algo distante da ribalta e das lutas pelo poder, José Modesto promete continuar a ser activo e critico… “Não sou candidato a nada, mas tento ser um cidadão atento, apontando soluções”, concluiu o nosso, porque não chamar-lhe, com a amizade e consideração que um colaborador e leitor fiel merece, “treinador de bancada leceiro”.

entrevista esta semana no "Jornal de Matosinhos"