A ANTA

A anta rosna.
Coça-se.
Fuma.
Bebe.
Engole em seco.
Tira os óculos.
Rói as garras.

E ataca.

Ataca.

Arrebata, abocanha, morde e estraçalha.

A anta rosna.

Agora de prazer.

Olha embevecida para o ecrã da TV, para as imagens do engenheiro de cuecas, correndo nas ruas de Moçambique.

A anta olha à sua volta.

Não vê ninguém.

O prazer solitário não é pecado.

A anta sorri.