A EXCLUSÃO


A expulsão de Narciso Miranda de militante do PS está na ordem do dia.

Só estranhei que o processo não tivesse sido espoletado mais cedo. Mas, pelo visto, o PS não quis dar a Narciso a oportunidade para se vitimizar mais ainda.

Em nome do que chamam "disciplina partidária", e borrifando-se para os princípios mais elementares da democracia, os nossos partidos arvoram-se no direito de expulsar os seus militantes que ousam exercer alguma cidadania, não percebendo que o que está em causa nas eleições autárquicas não é uma lógica partidária mas sim uma lógica civil e etnográfica.

Narciso Miranda respeitou a decisão do seu partido quando este entendeu que o candidato à câmara de Matosinhos, há 4 anos, fosse Guilherme Pinto. E até apoiou o seu ex-delfim. Quatro anos depois, decidiu protagonizar um movimento de cidadãos. Graças a ele, o PS conseguiu o seu melhor resultado de sempre em Matosinhos, com mais de 70% dos votos!

Resultado: castigo.

De facto, os nossos partidos, e em especial o PS, continuam sem entender que não pode haver machado que corte a raiz ao pensamento. E por isso mesmo é que insistem em decepar cabeças. Pouco se importando que tenha sido graças a algumas dessas cabeças que durante anos e anos conquistaram votos e influência.

É um espectáculo lamentável.