OS FALSOS INDEPENDENTES

A s próximas eleições autárquicas vão ficar marcadas por uma vaga de candidatos contra os partidos em que fizeram "carreira". Há até quem defenda que este fenómeno representa o princípio do fim da partidocracia nas autarquias. Não deixa de ser curioso que os partidos que abriram a porta a candidaturas independentes às câmaras sejam agora as vítimas desta recente realidade.
À excepção do CDS/PP ou Bloco de Esquerda, cuja existência autárquica é residual, todas as restantes forças partidárias foram apanhadas nesta malha. A incapacidade que os partidos têm revelado para se renovarem, e as disputas intestinas pelos poderes internos têm contribuído para o nascimento dos falsos independentes. Isto é, tal como aconteceu com Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro ou Isaltino Morais, hoje Narciso Miranda em Matosinhos, Defensor Moura em Viana do Castelo, José António Silva em Leiria ou Manuel Coelho em Sines só admitem avançar como independentes porque PS, PSD e PCP os rejeitaram.
O mesmo aconteceu em 2005 com Helena Roseta, em Lisboa. O PS escolheu Manuel Maria Carrilho, e a arquitecta desfiliou-se do PS e fundou um movimento de cidadãos marginal ao sistema partidário. Tal como Manuel Alegre, Roseta defende que as candidaturas independentes às autarquias, devem representar o novo paradigma do sistema político português que deveria permitir o mesmo tipo de solução nas legislativas. Os verdadeiros independentes são bem vindos, mas os riscos evidentes: subverter a lógica da democracia de partidos é potenciar a vulgarização, por exemplo, das aprovações de orçamentos do tipo limiano.


editorial do DN

PS- Não deixa de ser uma perspectiva um bocado reaccionária mas, por outro lado, a tocar em pontos interessantes...