"Vou ser candidato a presidente da Câmara de Matosinhos como independente". As palavras de Narciso Miranda não deixam dúvidas. Pela primeira vez, quebrou o tabu e anunciou, ao JN, que a decisão está tomada. Reagindo ao abaixo-assinado que circula entre militantes do concelho defendendo uma lista protagonizada por si, o ex-autarca respondeu de forma clara.
"Desenganem-se aqueles que andam a dizer que não vai haver uma candidatura independente à Câmara", disse, ontem, ao JN, aludindo, entre outros, ao presidente da Autarquia, Guilherme Pinto, que disse não crer no seu avanço. "
A esses digo categoricamente: Há três anos obedeci ao aparelho, agora vou seguir os apelos dos militantes anónimos, do eleitorado do PS e da maioria da população, liderando o projecto de uma candidatura independente", acrescentou Narciso Miranda.
"Tem dúvidas? Claro que vou ser candidato", reforçou, em seguida, uma semana após Renato Sampaio, líder da Distrital do PS/Porto, ter garantido que serão abertos processos disciplinares contra todos aqueles que integrem listas adversárias, para "consequente expulsão" do partido. Ao mesmo tempo que acompanhava as declarações do primeiro-ministro, José Sócrates, sobre o caso Freeport, Narciso disse estar também "a ser alvo de ataques políticos e pessoais".
"Tal como José Sócrates afirma que não o vencem dessa forma", também o ex-presidente da Câmara garante que os ataques de que diz ser alvo dão-lhe
"cada vez mais força para fazer cidadania e ganhar o futuro para Matosinhos e os matosinhenses".
"Por causas e princípios, vou resistir e vou continuar a defender o concelho numa candidatura independente", assegurou. Quanto ao abaixo-assinado, ontem noticiado pelo JN, disse ter conhecimento de que
"largas centenas de socialistas, identificados com o número de militante e de várias secções de Matosinhos, fizeram essa manifestação de apoio". "Mas perturba-me que pessoas sem visão estratégica ou capacidade de perceber a realidade sociológica de cada comunidade, estejam a provocar tantos estragos no meu partido de sempre", acrescentou. A propósito, destacou os
"menos de 10%" conseguidos pelo PS nas eleições de Alfena, em Valongo, contra uma candidatura independente.
in JN