UMA POSIÇÃO MUITO INTERESSANTE

Eugénio Queirós, acho que você põe bem a questão sobre o modo como se faz política, hoje, em Portugal e, se calhar, no resto do mundo. Se isto é global para o bem, também será para o mal. As campanhas são cada vez mais agressivas e mais chatas. É como a campanha de promoção de carros. No fundo, no fundo, usam os mesmos métodos. A política tem vez cada vez menos graça. É um negócio como outro qualquer. Uma desilusão.Não concordo consigo quando diz que os funcionários da câmara que estiveram no jantar, fizeram-no por receio de retaliações. Acho que o raciocínio contrário também é verdadeiro: os que lá estiveram arriscam a sofrer retaliações do eventual futuro candidato à Câmara, Narciso Miranda que, segundo opinião dos seus apoiantes, tem a Câmara no papo. Pode crer que o número de funcionários que lá estava representava uma reduzidíssima percentagem dos mais de mil que lá trabalham.Você não pode pôr todos no mesmo saco. Se há funcionários que apenas querem o tacho, outros há que trabalham duro, seja com este Presidente, seja com o que lá esteve, seja com o que aí vem. Há funcion+arios que trabalham porque são sérios. E isto é igual para as empresas privadas, sejam jornais ou bancos: há os que trabalham para agradar ao patrão, os que trabalham para se sentirem bem consigo mesmos, e os que não fazem nem uma coisa nem outra, isto é, não fazem puto e chupam na teta. Começo a ficar cansado de ouvir o discurso sobre o clientelismo no Estado. E na privada o que é que há? Se tudo é tão bom na privada porque é que o país está na merda? Não serão os "gestores privados" os principais responsáveis pelo estado da nossa economia? Porque é que as maiores golpadas são dadas nas empresas privadas? Acho que é altura de as pessoas perceberem que na função pública há tanta gente competente e séria como na privada. Nem mais nem menos.Deixe-me lembrar aqui uma curta história relatada por um jornalista do "Público" há cerca de dois ou três anos. Estávamos no período das festas de Santo António que, como todos sabemos, fazem com que não se trabalhe puto durante mais de uma semana, principalmente lá para os lados da capital. Então o nosso jornalista, referindo-se à gigantesca onda de críticas que dizimava por completo os deputados da A. da República que tinham ido passar uma semana de férias para o Algarve, deixando a Assembleia ao abandono, dizia com graça, mais ou menos o seguinte: então os senhores o que é que querem? Os deputados foram passar uma semana de férias para o Algarve? Oh meus senhores, não se iludam! O que os deputados fizeram não é mais nem menos do que aquilo que nós faríamos se lá estivéssemos, pela simples razão que, o que eles fizeram, não é por serem deputados, é por serem portugueses! Desiludam-se os que pensam que os oportunistas estão no Parlamento! No Parlamento estão apenas portugueses!...De facto é isto. O nosso jornalista tinha toda a razão. Somos assim. E esta doença tanto dá no Estado, como nos bancos ou nas companhias aéreas... Só há uma diferença: no Estado nota-se mais porque são muitos e ganham menos, por isso têm de fazer um bocadinho mais de cera.
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