AS ELEIÇÕES NO CAZAQUISTÃO


O PS tem em Matosinhos um dos seus bastiões mas não tão inexpugnável como parece ou como se quer fazer parecer. Recuando às primeiras eleições autárquicas, em Dezembro de 1976, verifica-se que o partido da rosa arrancou uma vitória difícil, com uma margem de pouco mais de dois mil votos em relação ao PSD, precisamente 16.136 contra 13.991. Mário Maia foi quem fez o PS arrancar bem dos tacos, deixando para trás Sérgio Bacelar. Nesta primeira estafeta, Narciso Miranda fez o terceiro percurso, atrás de Emídio Pinho, numa equipa socialista que contava ainda com João Laranjo e Manuel Renato Silva. Três anos depois, em 1979, Narciso avança como cabeça de lista e embora o PS tenha passado de 16.136 votos para 29.711, a verdade é que o PSD com o CDS (na famosa AD) voltou a ficar perto, com um total de 26.319 votos e tantos mandatos (4) como o PS. Mais uma vez Sérgio Bacelar foi cabeça de lista ao lado de Teixeira Dias. De então para cá, nunca mais os dois maiores partidos representados em Matosinhos estiveram tão perto. Em 1982, Narciso marca a diferença para Domingos Silva, com um score de 39.533 votos contra 12.455 dos laranjas, com estes quase transformados em terceira força, pois a APU somou 10.667 votos e o CDS 8517. O PS recupera a maioria absoluta de 1976 de Mário Maia que Narciso tinha perdido em 1979. Em 1985, o PS acusa algum desgaste e baixa de 39.533 votos para 31.638 e o PSD recupera de 12.455 para 18.701 votos, colocando 4 vereadores em onze. Os comunistas não conseguem mais que 7.982 votos e o CDS deixa-se ultrapassar pelo PRD. Domingos Silva continua a assumir-se como líder laranja. Em 1989, António Canotilho surge como cabeça de cartaz do PSD e tem como lugar tenente o jovem advogado António Carlos. Ficou tudo pela esperança. Narciso consegue pela primeira vez ultrapassar a barreira dos 40 mil votos, precisamente 41.222, conseguindo a melhor percentagem de sempre (59,90) até à época. O PSD fica-se pelos 17.789 votos (25,85%) e o PCP derrapa para os 5.613 votos enquanto o CDS quase desaparece, com 1.867 votos. Com Narciso Miranda partilham esta grande vitória Guilherme Vilaverde, o meu pai Joaquim Queirós e Guilherme Pinto, que é o 4.º da lista. As eleições de 1993 enchem as medidas ao PS: 52.952 votos, 65,55%!!!!!!! Se alguém me puder ajudar que me diga quem foi o candidato do PSD que, de facto, merece ser esquecido pela história, pois não foi além dos 16.980 votos (21%), enquanto os comunas somavam 5.113 votos e o CDS espevitava um pouco somando 3.237 votos. Este é o Everest do PS. De então para cá, foi sempre a descer. Pouco mas a descer: 46.547 votos em 1997, 37.231 em 2001 e 35.900 em 2005. Ou seja, o score de Guilherme Pinto em 2005 foi apenas o 5.º melhor da história do PS em Matosinhos, ficando a 17.052 votos do pecúlio de Narciso no fantástico ano de 1993. Ninguém deu muita importância ao facto mas o que é certo é que o trofense João Sá conseguiu, em 2005, a melhor votação de sempre do PSD, com 23.376 votos enquanto lá por baixo Honório Novo tinha de pedalar para ganhar a Gonçalo Torgal, com o PCP a somar 6536 votos e o Bloco de Esquerda 5.316. É sempre bom recordar. As conclusões devem ser tiradas por si. Fico à espera do fogo cruzado. Cá por mim, acredito que o PSD com um bom candidato poderá manter-se acima dos 20 mil votos e com um bocado de sorte até pode ganhar se o PS se partir ao meio. Repare-se: se Narciso e Guilherme dividirem o último pecúlio, cada um somará apenas 17.950 votos. Com um último registo de 23.376 votos, o PSD tem uma oportunidade histórica para colocar a sua bandeira em Matosinhos e até o PCP e o Bloco de Esquerda (11.852 votos nas últimas eleições) podem fazer umas cócegas às...duas candidaturas socialistas. Obviamente, nem o PS se partirá ao meio, nem o PSD conseguirá evitar uma grande transferência de voto da zona laranja para as zonas rosas... E, depois, há sempre o velho problema dos "anarcas" como eu que a caminho do velho liceu mudam sete vezes o sentido de voto...