Um ósculo que define o tempo horrível que vivemos

 


Estive para não vir aqui falar do assunto do momento. Um beijo na boca sem que se perceba se o escalope do presidente da Real Federação Espanhol de Futebol andou em explorações, no  momento da comemoração de um inédito título mundial de futebol feminino.

Esta bestialidade do presidente da federação, assim definida pelos novos padres da moral pública, muitos deles amantes do consumo de vagens e outros vegetais e por norma defensores dos periquitos e de outras aves canoras, sobrepôs-se a tudo. Antes do mais, ao que parece ser muito simples, que passa por num festejo fora do comum as regras comuns serem por norma ultrapassadas.

O que vimos foi uma beijoca na boca de um homem numa mulher que não o repeliu mas que provavelmente estava sob o efeito da anestesia feérica e que só mais tarde percebeu que tinha sido 'atacada' por um macho espanhol injetado de testosterona e sabe-se lá do que mais.

Eu sei que já ninguém consulta dicionários mas eu cá sou antigo e fui lá ver que beijar é sinónimo de acariciar, amimar, banhar, oscular, roçar e tocar. Ou seja, quase que fica aqui explicada a indignação face ao gesto deste roçador ibérico.

Por acaso, perto das palavras derivadas de beijo o meu dicionário de sinónimos destaca também a palavra beato (hipócrita/fanático/tartufo...).

O Caso Rubiales já mereceu várias condenações oficiais e até já chegou à ONU. É declaradamente um caso de lesa majestade que define bem este tempo de escrutínio puro e duro, seja contra um simples toque de lábios com alguma pressão no calor de uma festa, seja uma pega de caras numa praça de touros do interior alentejano, seja o facto de não nos indignarmos com o facto de os animais de estimação não terem direito a um grupo parlamentar ou se gozamos com uma cena de fufice.

Na parte que me toca, Rubiales, estás perdoado. Mas não penses que com isto te safaste.

Eles andam aí!