Os olhos de Sofia não conseguem chorar

 


Nos olhos de Sofia vemos todo o sofrimento de um povo e tudo o que uma guerra provoca. As guerras, é sabido, são congeminadas em ambientes climatizados por homens que não põem o pé no terreno. Esta, na Ucrânia, é um guerra que resulta de mais um poder absoluto. A Rússia não é uma democracia, a União Soviética também não foi uma democracia, o que aconteceu nos últimos anos foi apenas uma ilusão de que tudo ia mudar no país das estepes e dos gongóricos e enormes escritores do século XIX, sem esquecer dramaturgos, poetas e outros artistas que aí nasceram e muito contribuíram para a Cultura mundial.
A Rússia não é um país de párias, é um país com muito história e com muito para dar. Mas há muitos anos que é um país controlado por ideologias que mais não são que uma forma de disfarçar megalomanias. De Lenine a Putin, a diferença é apenas pontual e reparem que estou a tirar daqui o homem, Estaline, que matou matou mais que Hitler.
Esta guerra tem sido explicada muito bem pelos militares portugueses que vão conseguindo algum tempo de tempo no meio da histeria geral dos jornalistas que estão no terreno, ou nas suas bordas, que conhecem tanto da guerra em curso como eu aqui sentado a ver o mar na praia do Cabo do Mundo e a tentar tirar pelos dos ouvidos. Os nossos militares, com o seu conhecimento e bom senso, continuam a ser a reserva moral deste país que caminha para os seus 900 anos de fronteiras definidas e com a sorte de ter como sua fronteira maior o mar.
Nos olhos de Sofia, volto ao princípio, está todo o sofrimento que o homem é capaz de aplicar no homem. Esta contingência, sim, é o que mais preocupa pois temos a certeza de que ainda há muito caminho a percorrer até nos deixarmos destes jogos de guerra que, no fundo, apenas ajudam a promover a indústria propriamente dita e a justificar o papel de políticos falhados, muitos deles trazidos para a boca de cena diretamente de um reality show.
Vamos ter fé, pois fé é coisa que nestas alturas costuma ser fácil de citar. E, que se saiba, mal não faz.