O homem cujo nome não cabe numa rua


O ciclo político de Narciso Miranda aparentemente acabou em outubro do ano que ainda corre. Digo ciclo mas o melhor era dizer secundário, propedêutico, licenciatura, mestrado e doutoramento.
Narciso Miranda, na despedida, recusou ver o seu nome numa rua de Matosinhos, por proposta de Luísa Salgueiro. Uma recusa natural. O seu legado não cabe numa rua, nem numa avenida e muito menos numa praça da Foz Norte. É certo que Narciso fartou-se de distribuir placas e tabuletas com as obras que inaugurou por todo o concelho e até na marina de Arnelas (enquanto foi secretário de Estado). Mas o ser percurso como presidente da Câmara justifica outras memórias. Eu cá sugeria um obelisco faraónico, em frente ao edifício da Câmara Municipal, simbolizando também o vigor que demonstrou dentro daquelas paredes a despachar processos, sem de lápis na mão.
Confesso que tenho muitas saudades do Narciso Miranda presidente da Câmara. Sempre foi o meu saco de areia preferido, agora quando bato já não é com aquela ganância. Ele que me desculpe e sei que vai pois agora é meu amigo.
Vem tudo isto a propósito de uma questão: o que vai fazer agora Narciso para além de cuidar de jardins e de frequentar o Fonte Luz e a Ribeiro? Um dia vou perguntar-lhe mas desconfio que a notícia da sua morte política peca por algum exagero.