Sedimentos de ignorância


Vai aqui um grande banzé por causa das dragagens e deposição de sedimentos na bacia de Leixões, como se vê aqui na foto de PAULO ALVES.
Há malta que até já está a temer que tirem à Praia de Matosinhos a bandeira azul que nunca teve nem terá pois está na saída de um porto comercial e de pesca e é a vida para quem não pode mudar de lugar.
Matosinhos tem tido uma relação ubíqua com o Porto de Leixões. O tal que destruiu o romantismo da foz do Leça e o traço ribeirinho de Matosinhos e Leça da Palmeira em nome do progresso.
O Porto de Leixões deu a Matosinhos um enorme impulso. Começou a ser feito antes do concelho de Matosinhos ser fundado, em 1909. Até aí, o nosso território era comandado pelo lugar de Bouças, pela comarca do Porto ou pela Maia (que durante muitos anos teve a jurisdição das freguesias a norte do rio Leça), para não falar no couto de Leça do Balio.
Matosinhos-concelho cresceu embalado nos braços do Porto de Leixões e muitos dos matosinhenses de hoje estão cá porque os seus antepassados vieram para aqui trabalhar nas obras do porto. O mesmo se aplica aos pescadores que chegaram do Algarve ou de Setúbal para aqui se fixarem, sobretudo nos tempos áureos da sardinha e dar conservas, até ao final dos anos 60.
Ou seja, Matosinhos deve o seu desenvolvimento ao Porto de Leixões mas, claro, os matosinhenses de hoje nada lhe devem e devem estar atentos a tudo o que acontece. Sobretudo quando parte da cidade é invadida pelo pó de estilha que o Porto de Leixões aloja a preços de mercado.
A 'Poça', como é tratado Leixões sobretudo por quem lá trabalha e sabe muito bem onde fica o Cais de Santo Amaro, já deu mais trabalho aos matosinhenses e hoje funciona muito como os centros comerciais, isto é, aluga espaços. O grande movimento de carga tem a marca de uma grande empresa turca. E a Petrogal era uma dos grandes clientes do PdL que dá nome a este blogue não sei bem porquê mas o Rafael Barbosa um dia se quiser explicará.
Vem tudo isto a propósito de mais um momento de indignação a propósito de uma situação operacional perfeitamente normal (o mesmo não se podendo dizer de parte do cais norte da doca n.º 1 que está em ruínas há alguns anos ou de uma ponte móvel que se imobiliza muitas vezes). A APDL está apenas a garantir a segurança da bacia de Leixões, não vá por lá aparecer mais um Jacob Maerks.
Para Matosinhos, o Porto de Leixões continua a ser essencial. Quanto mais crescer, melhor para a economia do concelho. É uma equação simples que só quem faltou a muitas aulas de matemática não consegue perceber mas esses não faltaram só a matemática, como se percebe quando os lemos nas redes sociais.
Não me vou esquecer dos vossos sorrisos babacas para as câmaras na inauguração da recuperação do Titan do molhe Sul e é com esta memória que me despeço de mais uma divagação sobre um não acontecimento neste domingo sem mais tema para lançar para a fogueira das redes sociais.