Jorge Bento deixou-nos no dia 18 de outubro de 2004 mas não nos deixou sozinhos pois legou à sua terra 19 preciosos livros. Sempre com Leça da Palmeira no coração, este autodidata legou a Matosinhos a marca do seu tempo e também do tempo que já tinha passado, tendo tido papel ativo e determinante em várias associações, entre as quais a Capela de S. Miguel, que fundou, tendo também sido ensaiador do Rancho Típico da Amorosa. A sua atividade passou também pela gestão do cinema do salão paroquial de Leça e ainda me recordo de o ver no cinema 'Chaplin', o primeiro cinema moderno a funcionar em Matosinhos, logo a seguir acompanhado pelo "York".
Os seus livros são de consulta obrigatória e a beleza das suas capas entram na órbita artística. Como este, que era acompanhado pelo postal que encima este pedaço de prosa. Não vou discutir o rigor dos seus trabalhos, apenas gostaria de me deter no entusiasmo a que aos mesmos se entregou, do qual resulta uma obra extensa, por vezes caótica mas de inestimável valor histórico.
Jorge Bento já tem o seu nome de uma rua e muitos dos seus livros estão esgotados. Tive a sorte de poder completar a minha coleção completa quando o Jorge Pedroso Faria me cedeu parte da biblioteca do seu pai e, por isso, muitos dos seus livros que agora tenho até estão autografados. Ele talvez não saiba mas este foi um dos maiores presentes que recebi pois a releitura dos livros de Jorge Bento é algo que faço muitas vezes sempre com grande prazer, a começar pelos títulos de algumas das obras, como este 'O Último Pio do Pardal' ou 'Rato entre Papéis Velhos'.
O seu sobrinho-neto Manuel Jorge Bento é jornalista do Correio da Manhã/CMTV.