O que fazer com Narciso Miranda?

 


Agora que o Partido Socialista recuperou a maioria absoluta na Câmara Municipal de Matosinhos, o que não acontecia desde 2005 (35 788 votos, 47,27%). na primeira candidatura de Guilherme Pinto, o que vamos fazer com o homem que foi presidente da Câmara Municipal de Matosinhos durante quase 27 anos?
Narciso Miranda conseguiu esta longeva proeza e também a maior maioria (perdoem-me o pleonasmo) absoluta de sempre para o PS, conquistando nove posições em onze. Vai ser uma marca difícil de bater.
Depois do seu longo reinado, que terminou quando Manuel Seabra ousou afrontar o seu poder absoluto, ganhando-lhe a concelhia depois de uma ano de presidência da Câmara (quando Narciso se deixou seduzir por Guterres e foi ocupar uma obscura secretaria de Estado), o Dux de Matosinhos manteve-se em jogo no tabuleiro político de Bouças. Em 2009, concorreu como independente e embora conquistando quatro vereadores ficou a dez mil votos do PS de Guilherme Pinto, que teve de recorrer ao laranja Guilherme Aguiar para assegurar a governabilidade. Em 2013, Narciso apareceu duas ou três vezes ao lado do então candidato socialista, António Parada, mas Guilherme Pinto, a concorrer como 'independente', limpou a coisa e com maioria absoluta. Parecia tudo arrumado para Narciso. Mas não. Em 2017, bisou como candidato independente e quase se viu ultrapassado por outro independente, António Parada. Nas últimas autárquicas, como sabemos, ficou de fora mas nas últimas semanas lá deu a tal entrevista que foi uma simpatia para o PS de Luísa Salgueiro, depois de ter deixado órfãos os seus apaniguados de 2017, que encostaram na ala liberal ou afins.
Nas eleições de passado setembro, todos se questionavam sobre para onde iriam os votos de Narciso. Pois bem, é certo que para o Sim do Parada não foram, terão ido mais até para o partido do coração, mas muitos deles terão ficado em casa.
Já vimos que há aqui uma tendência. Narciso pós reinado concorre aqui, descansa, volta a colocar-se no tabuleiro e recua. 


Um toca e foge que parece agora ter terminado pois o tempo não se compadece com o efémero das figuras políticas, mesmo com as de longa duração ou reinação. Será? Vamos esperar mais um bocadinho e ver se o Dux regressa da Suíça para nos poder esclarecer, caso aceite falar um bocadinho comigo. Estou curioso.