O restauro e os indignados do costume

 
Neste país a facilidade com que qualquer iletrado põe em causa e contesta qualquer decisão relativa ao património impõe uma pequena reflexão. Esta a propósito da Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira, zona na qual cresceu o meu avô Queirós, que mais tarde se mudou para a Rua Brito e Cunha em Matosinhos, onde manteve uma oficina de alfaiate que era também uma espécie de sala de convívio da malta da rua. Vivemos num tempo sem filtros e onde qualquer um pode aparecer nas redes sociais a falar de assuntos de que só ouviu vagamente falar ou que mesmo nunca abordou. Neste caso concreto, a indignação devia-se à forma como estava a ser feito o restauro desta pequena capela que funciona muitas vezes como capela mortuária de Leça da Palmeira. Contestou-se o reboco. Poucos se informaram, poucos quiseram saber. O que está a ser feito é apenas devolver à capela a sua imagem original pois sempre foi rebocado e só nos últimos 40 anos apareceu com a pedra à vista. Simples. Este é mesmo o país que protesta quando não se faz e que protesta também quando se faz. Um país de doutores e engenheiros. Como diz o povo, da mula ruça.